sábado, 9 de junho de 2012

Pontuando o modelo político e econômico do Estado Brasileiro


 Na República Velha

Com a queda do governo monárquico o Brasil instituiu a República, uma forma de governo no qual o chefe do Estado é eleito pelos cidadãos ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada.  A eleição do primeiro Presidente foi indireta. Os deputados foram eleitos por aqueles que a lei naquele momento considerava como  cidadãos, ficando de fora as mulheres, analfabetos e militares de baixa patente. O voto era aberto o que possibilitava um controle pelas elites agrárias, representada pelos  coronéis, ricos fazendeiros  que controlavam os votos. Na republica velha, a esfera federal não interferiu nos Estados e estes não interferiam nos municípios, até porque os escolhidos eram eleitos por pactos com as elites. A base da economia do Brasil  era o café,   a carne, o  leite e seus derivados, a elite agrária dominou a república velha e naquele momento os rumos da  política e da economia de nosso país. O Café foi o eixo da economia  até  1929,  embora surgisse  a industrialização com primeira grande guerra mundial.  O Coronelismo e sua influencia política e econômica perdeu  força com Vargas.

Vargas

Na era Vargas é possível verificar uma mudança do campo para a cidade e forte industrialização orientado pelo Estado e controle social. Sua política era centralizadora e autoritária.  Vargas deixou bases para o desenvolvimento do país e organizou o Estado seguindo o modelo Weberiano.  O funcionalismo público era exercido por servidores via concurso público.  As principais medidas de Vargas no comando foram a  Criação do Ministério da Justiça e da Educação,  da Justiça Trabalhista e Eleitoral, do IBGE,  CTPS,  CSN, BNDE, Petrobrás e ainda promoveu mudanças da legislação trabalhista com a redução da jornada de trabalho para oito horas, férias remuneradas e acesso a direitos trabalhistas.

Kubitschek

Com uma agenda progressista baseada num Plano de Metas,  Kubitschek conseguiu um bom desempenho principalmente do setor industrial.  A equipe econômica se orientava pela  Escola Cepalina,  que  segundo Leite Junior significa uma “ industrialização via substituição de importações, com financiamento externo e forte presença do setor público”.          Em 1955, foi criado a ISEB- Instituo Superior de Estudos Brasileiros, defendendo as ideias da Escola Cepalina.  Kubitschek defendeu amplamente as propostas do ISEB, inclusive a criação da SUDENE.     “O Plano de Metas de Juscelino Kubitschek era marcado por investimentos em estradas, em siderúrgicas, em usinas hidrelétricas, na marinha mercante e pela construção de Brasília e baseava-se em “30 metas”, divididas em: Setores da energia (1 a 5), Setores do transporte (6 a 12), Setores da alimentação (13 a 18), Setor da indústria de base (19 a 29), Setor da educação (30).”  O grande marco do governo de Kubitschek também foi o investimento feito na industria automobilística.
Castelo Branco

O  governo de Castelo Branco se propôs e realizar os ajustes necessários para controlar a inflação, os ministros da área econômica tinham orientação monetarista, ou seja, a estabilidade seria conseguida através de controle da “quantidade de moedas, taxas de juros, compra e venda de títulos e depósitos compulsórios”.  As principais reformas do governo de Castelo Branco ocorreram no sistema tributário com a criação do ISS, ICMS, IPI e possibilidade de pagamentos dos impostos em rede bancária. Na área trabalhista foi criado o FGTS, substituindo a estabilidade no emprego. Castelo Branco também criou o Fundo de Participação de Estados e Municípios dos tributos arrecadados pela União. Com a reforma do sistema financeiro, foram criadas instituições especializadas como bancos comerciais, de investimentos, o SFH, sociedades de crédito, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central que passou a executar a Política Monetária.

Milagre Econômico Brasileiro.

O Milagre econômico ocorreu com as mudanças estruturais de Castelo Branco sentidas no Governo de Costa e Silva e Médice, embora haja uma inflação a ser considerada (pelo IGP foi 257% ), houve crescimento da economia. No Final do governo Médici o PIB cresceu cerca de 96 %. Um dos maiores problemas que ainda   são sentidas,  é  o forte aumento da concentração de renda  que ocorreram durante o Governo de Médici.  Delfim Neto foi o maestro do Governo Costa e Silva, implantou o PED- Plano Estratégico de Desenvolvimento, voltado para as exportações.  Foi no Governo de Costa e Silva e Médici que foi criando a administração indireta por meio do decreto-lei 200/67. Surgiram a EMBRAER, TELEBRAS, EMBRAPA  e a EMBRATEL. O Modelo econômico foi o desenvolvimento baseado em financiamento internacional, facilitado pela baixa taxa de juros.  A dívida externa subiu 300%.

Crescimento Forçado em Geisel

Mesmo com a crise econômica internacional e o fim do milagre brasileiro, o presidente Giesel não reduziu os “investimentos e os gastos públicos”, o que contribuiu para a elevação da dívida externa,  o que ficou conhecido como crescimento forçado.  Segundo Leite Junior  “ No governo Giesel,  a potencia instalada de energia elétrica cresceu 65%, a produção de petróleo 44%, a capacidade das refinarias 73%, a produção de aço 70%, de alumínio 78%, de produtos petroquímicos 117%, de fertilizantes 395% e de celulose 83%”. Também iniciou um programa visando à implantação de combustível substituto da gasolina o Pró-álcool  implantado em 1975 e também o Procarvão (Programa Nacional de Carvão), visando a substituição do óleo combustível.  Em 1975,  o Brasil deu um passo em direção a energia nuclear com Programa Nuclear Brasileiro. Em 1979 o PIB Industrial cresceu cerca de 45%. No comando da equipe econômica estava Henrique Simonsen. Giesel iniciou a abertura política.

Fim do Regime Militar

João Batista de Oliveira Figueredo assumiu o Governo Federal em 1979, seu mandato foi marcado pela continuação da abertura política iniciada no governo Geisel. A lei da Anistia  fez com que os principais opositores ao Regime Militar retornassem ao país e iniciassem movimentos de transição  para um Estado de Direito.  Foi no governo de Figueredo que ocorreu a segunda crise mundial do petróleo (a primeira ocorre em 1973). “A inflação passou de 45% ao mês para 230% ao longo de seis anos, e com a dívida externa crescente no Brasil, que pela primeira vez rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares” e ainda com o baixo crescimento do PIB e a rejeição pelo regime militar foram os principais fatores  para o fim da era do regime militar.

A era democrática

O governo de Sarney não conseguiu fazer controlar a inflação, o plano cruzado e os fiscais do Sarney não resistiram à pressão inflacionária.  Collor deixou “a esquerda perplexa e a direito indignada”, congelou preços e salários, reteve depósitos, reduziu Ministério, extinguiu autarquias,  mas o resultado de sua desastrosa política durou pouco ,  que somados ao desgaste com o Congresso Nacional, corrupção e forte recessão econômica deixou o governo nas mão de seu vice-presidente.  Itamar Franco por sua vez,  realizou um outro governo, começa um plano audacioso de estabilização da economia, o Plano Real,  Itamar convidou  Fernando Henrique Cardoso que por sua vez,  convidou economistas renomados para realizar um plano econômico capaz de conter a inflação,  foi criado um indexador de preços o URV, que após quebrar os efeitos da inflação, o indexador foi substituído pela nova moeda o Real.  O PIB no governo de Itamar começou com 0,52%  terminou na casa dos 5%.  No campo das privatizações foram desestatizadas 33 empresas  entre 1990 e 1994, dentre elas a CSN.  No primeiro ano de Governo Fernando Henrique manteve as privatizações e realizou reformas na Previdência Pública e incluiu o PROER- Programa de Estímulo à Estruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, bancos foram sanados, foram gastos só com os bancos estaduais cerca de 60 bilhões de reais e com as desestatizações foram arrecadados cerca de R$ 78 bilhões. Reeleito Fernando Henrique  implanta o Sistema de Metas de Inflação, seu governo cria ainda a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Bolsa Escola, auxilio Gás e Cartão alimentação, entretanto seu governo sofre o primeiro golpe, a crise do apagão de 2001 e a crise no setor aéreo, principalmente após os ataques de 11 de setembro. O apagão, teve como principal causa a inércia de investimentos no setor de geração de energia desde o início da era democrática. No começo da segunda metade do ano de 2002 a inflação mensal chega a 3% ao mês, o risco fica próximo aos 2400 pontos, a Argentina e o Mundo  estavam em crise e  Lula vence as eleições de outubro de 2002. O novo presidente não colocou em prática as propostas do PT, utilizou os mesmos instrumentos de ajuste fiscal e política monetária do FHC, porém num momento em que a economia mundial estava se recuperando. Lula unifica a rede de proteção social do governo de FHC e cria o Bolsa Família, entretanto nem tudo é continuísmo, cumpre destacar importantes medidas como a instituição de credito consignado em folha de pagamento, alíquotas decrescentes do IR, incentivo ao microcrédito e outros instrumentos de crédito, a reforma do Judiciário, lei das Parcerias Público-Privadas,  a diversificação de parceiros comerciais e atuação agressiva no comércio exterior.  Através do PAC- Plano de Aceleramento do Crescimento, o governo Lula contou com orçamentos para investir na infraestrutura energética, social e urbana.  Houve uma crise internacional, mas a crise no setor bancários no exterior não afetou o Brasil, porque os bancos brasileiros já havia passaram por um processo de saneamento e porque as operações são lastreadas por títulos do governo federal. Dilma começou o seu governo mantendo a mesma política econômica no governo anterior, entretanto  começou apertando os cintos, anunciou um corte recorde de R$ 50 bilhões no orçamento, realiza privatizações, concedendo à iniciativa privada o controle de 3 aeroportos brasileiros e se  propõe a reduzir os juros.

Referências

COTRIM, Gilberto. História para o ensino médio- Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2008.
Governo Dilma Rousseff. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo_Dilma_Rousseff
Figueredo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Figueiredo
Plano de Metas. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_Metas
LEITE JUNIOR, Alcides Domingues. Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro.UFSC, CAPES, UAB, 2009. Do módulo Especialização em Gestão Pública.
VICENTINO, Claudio. História Geral: Volume Único: Ensino médio. Scipione, 2000

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